Desenvolvimento fenológico de plantas alimentícias não convencionais (PANC) e avaliação do seu potencial atrativo de abelhas nativas.

Mariella Camardelli Uzeda

Resumo


O papel das plantas alimentícias não convencionais tem sido enfatizado devido a sua grande relevância cultural e qualidades nutritivas. O caráter multifuncional dessas plantas ainda guarda grandes lacunas de conhecimento, destacadamente seu potencial como indutor do processo de intensificação da polinização, fornecendo recursos (pólen e néctar) para abelhas nativas. O presente trabalho tem como objetivo avaliar o desenvolvimento fenológicos de espécies de PANC e sua rede de interações com abelhas nativas. As espécies Cajanus cajan (Feijão Guandu), Lablab purpureus (Feijão Mangalô), Sinapis arvensis (Mostarda) e Chicorium intybus subsp. Intybus (Almeirão), vêm sendo monitoradas no campo experimental da Embrapa Agrobiologia, onde cada uma das espécies conta 10 parcelas, de 2x2m. As plantas são monitoradas quanto a sua altura, produção de ramos, folhas a cada 30 dias. No período de floração, as espécies em avaliação têm a comunidade de plantas espontâneas, em dois estágios fenológicos distintos, como testemunhas. As flores das PANC e das plantas espontâneas são contabilizadas semanalmente e medidas para obtenção da área floral. O monitoramento da interação com abelhas nativas é feito através de observação passiva e através de armadilhas de queda do tipo pan trap. A observação (2 minutos em cada parcela), é feita duas vezes por semana, quando fotos são tiradas para identificação, sendo uma vez pela manhã outra no final da tarde. As pan trap amarelas, contendo água e sabão, são alocadas no centro das parcelas no momento da intensificação da floração das PANC e coletadas 48 horas depois, por 3 a 4 semanas consecutivas. O monitoramento do Cajanus cajan (Feijão Guandu) foi concluído, sendo que o início da sua floração ocorreu na segunda semana do mês de maio, 222 dias após o plantio, quando a planta apresentava uma altura média de 2,15m. A espécie alcançou uma área foral máxima de 42,27m² na segunda semana de junho e o final da floração ocorreu na primeira semana de agosto. Foram encontrados 8 morfotipos de abelhas durante a observação e 6 nas armadilhas de queda. Nos tratamentos testemunha, espécies nativas em dois diferentes estágios fenológicos, foram encontradas 24 espécies de plantas. Durante a floração do feijão guandu, a área floral das espontâneas em estágio inicial variou entre 0,51 e 22,16 m², e foram encontrados 10 morfotipos de abelhas durante a observação e 20 nas armadilhas de queda. Nas espontâneas em estágio vegetativo mais avançado a área floral das espontâneas variou entre 0,05 e 17,30 m², e foram encontrados 6 morfotipos de abelhas durante a observação e 13 nas armadilhas de queda. As abelhas encontradas estão em processo de identificação e posteriormente será realizada a análise estatística dos dados.


Palavras-chave


serviços ecossistêmicos, PANC, polinização

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