Uso do Papelão como Facilitador da Semeadura Direta na Restauração Florestal

Resumo

A crescente demanda pela restauração florestal, seja para compensação ambiental de grandes empresas ou para adequação ambiental de propriedades rurais, é prejudicada pelo valor elevado pago para aquisição de mudas e controle da matocompetição, que representam juntos, a maior parte dos custos envolvidos. As alternativas mais utilizadas para redução da matocompetição dependem de mão de obra onerosa ou utilização de herbicidas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a utilização de papelão como forma de coroamento de berços semeados diretamente, para 10 espécies florestais: Enterolobium timbouva Mart. (timbauva); E. contortisiliquum (Vell.) Morong (orelha-de-macaco); Hymenaea courbaril L. (jatobá); Mimosa caesalpiniifolia Benth. (sabiá); Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. (farinha-seca); Plathymenia reticulata Benth. (vinhático); Pterocarpus violaceus Vogel (aldrago); Pterogyne nitens Tul. (amendoim-bravo); Schinus terebinthifolia Raddi (aroeira-pimenteira) e Triplaris americana L. (pau-formiga). O experimento foi instalado na área experimental da Embrapa Agrobiologia, com 20 tratamentos em delineamento de blocos casualizados, em parcelas subdivididas, com 6 repetições cada. Os tratamentos consistiram nas 10 espécies, semeadas diretamente no solo em berços contendo biossólido, com ou sem a presença do papelão sobre os berços e cuja sementes passaram por um processo de quebra de dormência. Além disso, foi avaliada a germinação potencial das sementes em laboratório. A germinação média foi menor onde se fez uso do papelão, mas a sobrevivência ao longo tempo foi superior onde se fez uso do papelão como facilitador da semeadura direta. Algumas espécies só emergiram na presença do papelão. As espécies que apresentaram os melhores resultados aos 129 dias foram Mimosa caesalpiniifolia Benth., Enterolobium timbouva Mart., E. contortisiliquum (Vell.) Morong e Hymenaea courbaril L. nas parcelas onde o papelão foi utilizado 43% das parcelas apresentavam plantas aos 129 dias, enquanto que onde este não foi utilizado, somente 23%. Conclui-se que o papelão pode atuar aumentando a eficiência da semeadura direta, criando uma condição favorável ao desenvolvimento das plantas, justamente por atuar no controle da matocompetição. Esse efeito é melhor sentido quando se faz uso de espécies que germinam rápido (menos 1 semana) e apresentam crescimento inicial em altura elevado.