Contexto social e “escolhas” em uso e manejo do solo no projeto de assentamento Zé Pureza - RJ

Resumo

O processo de tomada de decisão é o mecanismo pelo qual se busca a melhor solução para um problema ou situação. O cotidiano de trabalho do agricultor familiar é composto por inúmeras decisões que impactam em seus rendimentos, na qualidade do sistema de produção e em seu local de vida. Entretanto, o agricultor familiar tem a autonomia das suas decisões condicionada pela realidade material concreta da comunidade em que vive. Assim, o objetivo do estudo foi caracterizar o contexto social e ambiental em que as escolhas de uso e manejo do solo são realizadas pelas famílias produtoras do projeto de assentamento Zé Pureza. O assentamento está localizado em Conceição de Macabu, Rio de Janeiro, e é composto por 22 famílias produtoras, com área total de 242,3ha. A metodologia utilizada foi o estudo de caso, com a aplicação de dois questionários, por meio de entrevistas com cada uma das famílias produtoras do assentamento. A primeira entrevista teve como ênfase os dados socioeconômicos de cada unidade familiar, enquanto a segunda entrevista consistiu no levantamento de uso, histórico de uso e manejo do solo de cada lote de produção, estratificado por subsistema de produção. A partir da análise dessas informações foi elaborado o cenário em que os agricultores do assentamento tomam suas decisões. Variáveis deste cenário foram comparadas com a literatura para estabelecer um referencial sobre a tomada de decisão na adoção de práticas conservacionistas do solo. Fatores como baixa escolaridade, ausência de assistência técnica, desconhecimento de práticas conservacionistas, baixa capacidade de investimento, entre outros, caracterizaram um cenário de fragilidade social das famílias. Esta fragilidade social se reverte em enormes limitações nas escolhas de uso e manejo, caracterizando a fragilidade social do uso do solo.