Evidência da participação de fungos na produção de N2O em solo de Seropédica, RJ.

Resumo

A desnitrificação é frequentemente associada às bactérias heterotróficas, porém, existem relatos de que fungos também estão envolvidos no processo, e seriam de grande importância por poderem desnitrificar em níveis de aeração do solo acima daqueles requeridos para desnitrificação bacteriana. No entanto, ainda não existem estudos para condições de solos em clima tropical. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a contribuição de bactérias e fungos na produção de N₂O de um solo de Seropédica, RJ. O experimento foi conduzido em laboratório, com utilização do método de inibição da respiração induzida pelo substrato. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, com 4 repetições. Potes contendo Argissolo Vermelho-Amarelo (0-10 cm) receberam KNO₃ e glicose, e foram saturados com água, visando estimular as emissões de N₂O. Os tratamentos corresponderam a adição de estreptomicina, utilizada com um inibidor de bactérias; cicloheximida, utilizada como inibidor de fungos, e um inibidor potencial de microrganismos denominado “alpha”, além de um tratamento controle sem inibidor. As avaliações de N₂O foram realizadas 3, 6, 10 e 24 horas após aplicação de glicose e KNO₃ nos subtratos de solo. Com 10 h de incubação, foi observada a maior produção de N₂O no tratamento controle, seguido dos tratamentos estreptomicina, “alpha” e cicloheximida, nesta ordem, sendo que o último manteve-se com fluxos muito baixos, mostrando alto efeito inibidor. A adição de estreptomicina inibiu em 50 % os fluxos de N₂O, enquanto que a cicloheximida promoveu mais de 90 % de inibição, indicando que fungos podem ser responsáveis pela maior parte da produção deste gás no solo estudado. O produto “alpha” tem grande ação inibidora de produção de N₂O (~80%), possivelmente agindo sobre os fungos desnitrificadores.